Recomendação do autor (hmeditora):
Ao leitor incauto é justo que se deixe este aviso: a leitura é perigosa. Ela existe ou resulta do aprisionamento da palavra pela escrita, fazendo da memória um alvo a abater: se está escrito, então podemos esquecer. Ou seja, ler é igual a esquecer. E não ter memória equivale a estar distraído do mundo, alheio aos pormenores e às ciladas. Ora, num livro, neste livro, nada é deixado ao acaso e cada palavra, cada parágrafo, cada conto cumpre ou procura cumprir o seu porfiado destino. Valerá, pois, a pena dizer que todos os contos deste livro são reais, não no sentido em que aconteceram de facto, mas no sentido em que poderiam de facto ter acontecido. O insurrecto Pedro Pêra Boa é tão real como a gananciosa Balbina Pato-Vila ou o abandonado Joaquim Elias. A abnegada Princesa Stewart Ferguson não é menos credível que o malogrado Judas Escariote. E o ignóbil Pedro Alonzo não é menos plausível que o imbecil Juan Gonzalez ou o sonho da abnegada Júlia Escobar, que eu sonhei também. Atrevo-me a dizer, não sem alguma imodéstia, que neles está grande parte dos pecados da condição humana: a ganância, a injustiça, a imoralidade, o engano, a ingratidão, a vaidade, a luxúria, o conluio, a ignomínia, a infâmia. Os seus heróis são helénicos heróis trágicos porque, tal como nós, cumprem um destino ao qual não podem escapar.
Haverá, porventura, quem venha a encontrar nestes contos influências óbvias da literatura negra. Não creio, contudo, que assim seja. A influência, a haver, é da própria vida. Que consegue ser bastante mais negra do que estes negros contos.
Artur Dagge é professor bibliotecário no Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida, em Abrantes - Uma referência no mundo das bibliotecas escolares e, certamente, uma referência incontornável no mundo dos livros. Ler este livro, não será igual a esquecê-lo!
Lançamento do livro
1 1 d e 0 u t u b r o 2 0 1 1 - 1 7 . 3 9 h
E s c o l a D . M i g u e l d e A l m e i d a - Auditório
Nenhum comentário:
Postar um comentário